GREVE PM-BA: Grevistas dizem que adesão é quase total, mas Estado nega.



Ainda sem perspectiva de negociação, a paralisação da Polícia Militar do Estado da Bahia (parcial, segundo fontes da corporação; quase total de acordo com o comando de greve) atinge neste domingo o quinto dia, gerando sensação de insegurança na população. Em meio a ações criminosas reais e ataques imaginários, Salvador tenta voltar à normalidade – embora a convivência com militares das Forças Armadas e da Força de Segurança Nacional não produza exatamente uma sensação de normalidade.

Segundo o tenente-coronel Márcio Cunha, chefe da seção de comunicação da VI Região militar, já é de 3.281 homens o efetivo em atuação nas ruas de Salvador, a maioria (2,5 mil) do Exército. “E virão quantos forem necessários”, afiança. A Polícia Federal também enviou reforços à capital baiana: os 40 homens do Comando de Operações Táticas que chegaram hoje com a missão de fazer cumprir os 11 mandados de prisão remanescentes contra líderes do movimento.

Em entrevista ao À Queima Roupa, o soldado Marcos Prisco, presidente da Aspra, apresentou números otimistas. Na sua avaliação, mais de 80% da tropa já teriam aderido à paralisação em todo o estado. Dentre outros cidades, ele cita as unidades da PM sediadas nos municípios de Feira de Santana, Ilhéus, Juazeiro, Alagoinhas, Senhor do Bonfim, Porto Seguro, Vitória da Conquista, Barreiras, Camaçari, Teixeira de Freitas, Santo Antônio de Jesus, Itabuna, Luis Eduardo Magalhães, Brumado, Guanambi, Jequié, Cruz das Almas, Itamaraju, Eunápolis. “Como cada batalhão desse atende a 25 a 30 cidades, dá para avaliar o alcance do movimento”, observa.

Ainda segundo Prisco, algumas unidades especiais também teriam aderido à greve, como o Batalhão de Polícia de Choque, a Companhia de Ações Especiais no Sudoeste e Gerais (Caesg) e a Companhia de Ações Especiais de Mata Atlântica, dentre outras.

O Estado não confirma. De acordo com o coronel Cunha, além de Salvador, apenas Feira de Santana, Ilhéus e Senhor do Bonfim teriam paralisado as atividades. Ainda assim, parcialmente e o efetivo remanescente estaria atuando de forma articulada com as Forças Armadas e a Força de Segurança Nacional.

Boataria

Com relação ao clima da capital neste domingo, o representante da VI Região Militar avalia como de “volta progressiva à normalidade”, com a população já nas ruas e retomando suas atividades. Sobre possíveis ações criminosas e ataques de vândalos, ele diz que foram registradas na madrugada deste domingo apenas duas ocorrências relevantes: um arrombamento e um roubo a estabelecimento comercial, ambos na Fazenda Grande do Retiro, bairro da periferia de Salvador. Embora admita que a central de comando tem recebido um número considerável de ligações reportando situações anômalas, garante que a maioria não passa de boato.

Ainda sem aceno do governo de uma possível negociação, o comando de greve permanece aquartelado na sede do Poder Legislativo estadual. Como gesto de flexibilidade, Prisco diz que a categoria já condiciona o fim da paralisação ao atendimento de apenas duas reivindicações: a anistia criminal dos policiais militares que participam da greve e o pagamento da Gratificação por Atividade de Polícia IV  e V (GAP).

Prisão

Em cumprimento a um dos 12 mandados de prisão expedidos pela Justiça contra os grevistas, o soldado Alvin dos Santos Silva, lotado na Companhia de Policiamento de Proteção Ambiental (Coppa) foi preso durante a madrugada de hoje. Como os demais amotinados, ele é acusado de formação de quadrilha, incitação à violência e roubo de patrimônio público (viaturas). Prisco nega que Silva estivesse participando da ocupação da Assembleia Legislativa.

Fonte: Site A Queima Roupa/BA

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